terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sexta expedição do Projeto Sisbiota-Diptera

A sexta expedição organizada pelo projeto Sisbiota-Diptera ocorreu entre 30 de março e 07 de abril de 2012, no Mato Grosso do Sul. Foram visitadas as seguintes localidades: Base de Estudos do Pantanal (BEP), em Corumbá, Serra da Bodoquena e Aquidauana.

A equipe foi formada pelos pesquisadores Dr. Carlos Lamas (MZUSP), Dr. Silvio Nihei (IBUSP), Dra. Maria Virginia Urso-Guimarães (UFSCAR), Dra. Sofia Wiedenbrug (MZUSP) e Dra. Valéria Cid Maia (MNRJ).

Também fizeram parte da expedição os alunos Daniel Alcântara (IBUSP), Sheila Fernandes (MNRJ), André César Lopes da Silva (UFPR), Maíra Xavier Araújo (UEFS), Camila Silveira de Souza (UFMS) e os técnicos Leandra Nascimento (MZUSP), Elaine Cristina Corrêa (UFMS), Camila de Lima e Silva (UFMS) e Sharlene A. da Silva (MNRJ). 
O objetivo principal dessa expedição foi o de retornar às localidades no Pantanal do Mato Grosso do Sul e Serra da Bodoquena onde havíamos instalado as armadilhas malaise permanentes, verificar o estado de conservação e efetuar substituições, caso fossem necessárias, além de realizar novas coletas com armadilhas diversas e coletas ativas, diurnas e noturnas, nas diferentes localidades.
A expedição ocorreu no final da estação úmida, durante o início do outono. Foram monitoradas e substituídas as três malaises permanentes na Base Experimental do Pantanal (BEP), três em Aquidauana, e três outras na Serra da Bodoquena. Além destas com caráter permanente, outras malaises foram instaladas para coleta apenas durante a expedição, incluindo uma malaise de 6 metros de comprimento que foi instalada em mata ciliar junto ao rio Miranda. Outros métodos de captura, como barraca de Shannon, armadilhas Van Someren-Rydon com iscas de peixe e frutas, armadilha luminosas do tipo CDC, coleta noturna utilizando gerador, lâmpadas de alta potência e lençóis brancos, pratos amarelos, redes de drifting para coleta de imaturos aquáticos e ainda coleta ativa com o auxílio de redes entomológicas, foram também amplamente utilizados. Redes de Neblina foram usadas para captura de ectoparasitas de aves e morcegos.
Na BEP (Corumbá), nosso trabalho foi dificultado pela imensa quantidade de mosquitos que causavam extremo desconforto ao longo do dia e inviabilizaram os trabalhos noturnos. Na BEP, retiramos as estruturas flutuantes das malaises permanentes, instaladas em dezembro de 2011, por ocasião do início da época das chuvas. Como não houve alagamento do Pantanal, não foi possível avaliar a eficiência dessas malaises durante o período regular de cheia. Passados quatro meses desde a sua instalação, as estruturas, de modo geral, apresentavam bom estado de conservação.
Aguardem aqui nesse blog mais informações sobre os resultados obtidos na expedição, com identificação de espécimes e descrições de novas espécies de dípteros!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quinta expedição do Projeto Sisbiota-Diptera

A quinta expedição organizada pelo projeto Sisbiota-Diptera ocorreu entre 14 e 24 de janeiro de 2012, no Mato Grosso. Foram visitadas a Chapada dos Guimarães e Cuiabá.

Para essa expedição, a equipe foi constituída pelos pesquisadores Dr. Carlos Lamas (MZUSP), Dr. Silvio Shigueo Nihei (IBUSP), Dra. Marcia Souto Couri (MNRJ), Dra. Cátia Antunes Mello Patiu (MNRJ) e Dra. Paloma Helena Fernandes Shimabukuro (FIOCRUZ). Também fizeram parte os alunos Carolina Yamaguchi (MZUSP), Luís Gustavo Moreli Tauhyl (UFSCAR), Luiz Felipe Alves da Cunha Carvalho (UFMS), Filipe Macedo Gudin (IBUSP), Pryscilla Moll Arruda (IBUSP), Mayra Sayuri Hatakeyama Sato (IBUSP), Rodrigo Dios (IBUSP), Alene Ramos Rodrigues (MNRJ), e Alberto Moreira da Silva Neto (UEFS). Os técnicos Leandra de Souza Nascimento (MZUSP) e Clarissa de Araújo Martins (UFMS) acompanharam ativamente os trabalhos.
Os objetivos dessa expedição foram os de retornar às localidades na Chapada dos Guimarães e Cuiabá, onde havíamos instalado as armadilhas malaise permanentes, verificar o estado de conservação e efetuar substituições, caso fossem necessárias, além de realizar novas coletas com armadilhas diversas e coletas ativas diurnas e noturnas nas diferentes localidades. Também foram acessadas novos pontos de coleta, incluindo a instalação de uma malaise na área de cerrado próxima ao Mirante da Cidade de Pedra. Nesta área, o pequeno porte da vegetação, inviabilizava a instalação de malaises e, por isso, montamos uma estrutura de PVC, semelhante a usada para flutuação no Pantanal, para fixação da mesma. 
A expedição ocorreu na estação chuvosa, no verão. Algumas armadilhas malaise na Chapada dos Guimarães foram substituídas para manutenção e reparo das antigas, já em uso há quatro meses quando da ocorrência da expedição II. Outras malaises foram instaladas para coleta apenas durante o período em que os pesquisadores, alunos e técnicos estiveram no local. Outros métodos de captura, como barraca de Shannon, armadilhas Van Someren-Rydon com iscas de peixe e frutas, armadilha luminosas do tipo CDC, armadilhas luminosas do tipo Luiz de Queiroz, coleta noturna utilizando gerador, lâmpadas de alta potência e lençóis brancos, pratos amarelos e azuis e ainda coleta ativa com o auxílio de redes entomológicas, que também foram amplamente utilizados.
Aguardem aqui nesse blog mais informações sobre os resultados obtidos na expedição, com identificação de espécimes e descrições de novas espécies de dípteros!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Quarta expedição do Projeto Sisbiota-Diptera

A quarta expedição organizada pelo projeto Sisbiota-Diptera ocorreu entre 4 e 14 de dezembro de 2011, no Mato Grosso do Sul. Foram visitadas a Base de Estudos do Pantanal (BEP), em Corumbá, a Serra da Bodoquena e Porto Murtinho.

A equipe foi formada pelos pesquisadores Dr. Carlos Lamas (MZUSP), Dr. Silvio Nihei (IBUSP) e Dra. Cátia Antunes Mello Patiu (MNRJ). Também fizeram parte da expedição os alunos Carolina Yamaguchi (MZUSP), Priscylla Arruda (MZUSP), Filipe Gudin (IBUSP), Mayra Sato (IBUSP), Daniel Alcântara (IBUSP), Thiago Mateus (UFMS) e os técnicos Leandra Nascimento (MZUSP), Sarah Carrião (MZUSP), Antonio Mollo Neto (MZUSP), Sharlene A. da Silva (MNRJ), M.Sc. Alberto da Silva Neto (UEFS) e Liliana Piatti (UFMS). Não podemos deixar de destacar a participação voluntária do Sr. Claudemir Patiu.
O objetivo principal dessa expedição foi o de retornar às localidades no Pantanal do Mato Grosso do Sul e Serra da Bodoquena onde havíamos instalado as armadilhas malaise permanentes, verificar seu estado de conservação e efetuar substituições, caso fossem necessárias, além de realizar novas coletas com armadilhas diversas e coletas ativas diurna e noturna nas diferentes localidades.
Outro importante objetivo desta expedição foi o de instalar estruturas flutuadoras nas três malaises permanentes que estão instaladas na área da BEP, no pantanal do rio Miranda, já que estas se encontram em áreas que deverão alagar no auge da estação das chuvas.
A expedição ocorreu no início da estação chuvosa, no final da primavera. Conseguimos montar as três estruturas flutuantes nas malaises permanentes deixadas na Base de Estudos do Pantanal, em Corumbá. Como o estado de preservação destas armadilhas era bom, apesar de estarem em uso por quase quatro meses, optamos por mantê-las e inseri-las na estrutura flutuante. O mesmo bom estado de preservação foi observado nas outras seis malaises também instaladas no estado (três em Aquidauana e três na Serra da Bodoquena), não tendo sido necessário efetuar substituições. 

Desta vez fomos até Porto Murtinho, cidade localizada na porção final da Serra da Bodoquena, importante do ponto de vista biogeográfico por marcar a transição entre o chaco, o pantanal, o cerrado e a mata semidecidual. A cidade é considerada a ultima guardiã do rio Paraguai e portal-sul do Pantanal. Lá foram instaladas mais três malaises permanentes. Outras malaises foram instaladas para coleta apenas durante a expedição; diferentes métodos de captura foram utilziados nas localidades visitadas: barraca de Shannon, armadilhas Van Someren-Rydon com iscas de peixe e frutas, armadilha luminosas do tipo CDC, coleta noturna utilizando gerador, lâmpadas de alta potência e lençóis brancos, pratos amarelos e ainda coleta ativa com o auxílio de redes entomológicas. Redes de Neblina foram usadas para captura de ectoparasitas de aves e morcegos.
Aguardem aqui nesse blog mais informações sobre os resultados obtidos na expedição, com identificação de espécimes e descrições de novas espécies de dípteros!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Terceira expedição do Projeto Sisbiota-Diptera

A terceira expedição organizada pelo projeto Sisbiota-Diptera ocorreu entre os dias 13 e 23 de outubro de 2011, em Rondônia. 

Dessa vez, a equipe foi formada pelos pesquisadores Dr. Silvio Nihei (IBUSP) e Dra. Valéria Cid Maia (MNRJ), além dos alunos Rodrigo Dios (IBUSP), Priscylla Moll Arruda (MZUSP), Tatiani Cristina Marques (FSP-USP), Sharlene da Silva (MNRJ), Daniel Maximo Alcântara (IBUSP), João Pedro Florêncio (UFMS) e André César Lopes da Silva (UFPR), e a técnica Leandra de Souza Nascimento (MZUSP).
O objetivo principal dessa expedição foi o de reconhecer áreas em Rondônia, próximas ao campus avançado da USP (ICB 5) em Monte Negro, para coleta com emprego de técnicas diversas (armadilhas e coletas ativas diurna e noturna) nas diferentes localidades.
A expedição ocorreu na transição entre a estação seca e a úmida, durante a primavera. Diversas áreas de coleta foram visitadas nos municípios de Monte Negro, Cacaulândia e Campo Novo de Rondônia. Foram instaladas sete malaises, sendo que três delas foram mantidas, após o término da expedição, em caráter permanente (duas em Cacaulândia e uma em Monte Negro). Outros métodos de captura, como barraca de Shannon, armadilhas Van Someren-Rydon com iscas de peixe e frutas, armadilhas luminosas do tipo CDC, pratos amarelos e ainda coleta ativa com o auxílio de redes entomológicas, foram também amplamente utilizados. Redes de Neblina foram usadas para captura de ectoparasitas de aves e morcegos.
Aguardem aqui nesse blog mais informações sobre os resultados obtidos na expedição, com identificação de espécimes e descrições de novas espécies de dípteros!

terça-feira, 6 de maio de 2014

Segunda expedição do Projeto Sisbiota-Diptera

A segunda expedição organizada pelo projeto Sisbiota-Diptera ocorreu entre 1 e 10 de setembro de 2011, no Mato Grosso. Foram visitados o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e Cuiabá.

Nessa expedição, a equipe foi formada pelos pesquisadores Dr. Carlos Lamas (MZUSP), Dra. Paloma Helena Fernandes Shimabukuro (FIOCRUZ) e Dra. Valéria Cid Maia (MNRJ). Também fizeram parte da expedição os alunos Luís Gustavo MoreliTauhyl (UFSCAR), M.Sc. AlessandreColavite (UFPR), M.Sc. Luiz Felipe Alves da Cunha Carvalho (UFMS) e Rodrigo Aranda (UFMS), bem como a técnica Leandra de Souza Nascimento (MZUSP).
 O objetivo principal dessa expedição foi o de reconhecer áreas na Chapada dos Guimarães e Cuiabá para coletas com emprego de técnicas diversas (armadilhas e coletas ativas diurna e noturna).
A expedição ocorreu na estação seca, durante o inverno. Foram instaladas três malaises permanentes na Chapada dos Guimarães, junto à sede do ICMBio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, e uma outra em área de cerrado próximo a cidade de Cuiabá. Além destas com caráter permanente, outras quatro malaises foram instaladas para coleta apenas durante a expedição. Também foram utilizados outros métodos de captura, como barraca de Shannon, armadilhas Van Someren-Rydon com iscas de peixe e frutas, armadilha luminosas do tipo CDC, coleta noturna utilizando gerador, lâmpadas de alta potência e lençóis brancos, pratos amarelos e ainda coleta ativa com o auxílio de redes entomológicas.
Curiosidade: durante esta expedição tivemos três armadilhas malaises destruídas por formigas cortadeiras. As fotos abaixo ilustram o poder de destruição destes insetos! 
Aguardem aqui nesse blog mais informações sobre os resultados obtidos nesta expedição (e em outras), com identificação de espécimes e descrições de novas espécies de dípteros!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Primeira expedição do Projeto Sisbiota-Diptera

A primeira expedição organizada pelo projeto Sisbiota-Diptera ocorreu entre 2 e 10 de agosto de 2011, no Mato Grosso do Sul. Foram visitadas as seguintes localidades:Base de Estudos do Pantanal/Corumbá e Serra da Bodoquena.

A equipe foi formada pelos pesquisadores Dr. Carlos Lamas (MZUSP), Dr. Silvio Shigueo Nihei (IBUSP), Dra. Paloma Helena Fernandes Shimabukuro (FIOCRUZ) e Dra. Valéria Cid Maia (MNRJ). Também fizeram parte da expedição os alunos Filipe Macedo Gudin (IBUSP), Mirian Silvéria de Souza (UFMS) e M.Sc. Sheila Fernandes (MNRJ), e os técnicos Leandra de Souza Nascimento (MZUSP), Clarissa de Araújo Martins (UFMS) e M.Sc. Alan Fredy Eriksson (UFMS).
O objetivo principal dessa primeira expedição foi o de reconhecer áreas no Pantanal Sul-mato-grossense e Serra da Bodoquena para coletas com emprego de técnicas diversas (armadilhas e coletas ativas diurna e noturna).
A expedição ocorreu na estação seca, durante o inverno. Foram instaladas três malaises permanentes no pantanal do rio Miranda, em Corumbá, junto à Base Experimental do Pantanal (BEP), pertencente à UFMS, e três outras na Serra da Bodoquena, em área de mata semidescidual a cerca de 800 metros de altitude.
Além destas com caráter permanente, outras malaises foram instaladas para coleta apenas durante a expedição, incluindo uma malaise de 6 metros de comprimento que foi instalada em mata ciliar junto ao rio Miranda. Outros métodos de captura, como barraca de Shannon, armadilhas Van Someren-Rydon com iscas de peixe e frutas, armadilha luminosas do tipo CDC, coleta noturna utilizando gerador, lâmpadas de alta potência e lençóis brancos, pratos amarelos e ainda coleta ativa com o auxílio de redes entomológicas, foram também amplamente utilizados. Redes de Neblina foram usadas para captura de ectoparasitas de aves e morcegos.
Aguardem aqui nesse blog mais informações sobre os resultados obtidos na expedição, com identificação de espécimes e descrições de novas espécies de dípteros!
Curiosidade: um dos pontos amostrados na expedição foi o povoado de Salobra (Mato Grosso do Sul), criado a partir da instalação da Estação Ferroviária de Salobra em 1912, na linha Itapura-Corumbá. Aberta a partir de 1912 entrte Jupiá e Agua Clara e entre Pedro Celestino e Porto Esperança. Em 1941, foi publicado no "Memórias do Instituto Oswaldo Cruz" um interessante trabalho comentando aspectos médicos sobre a localidade, destacando sua população flutuante (no recenseamento feito neste ano, havia sido verificado um aumento de 17 habitantes (!), totalizando 58 pessoas em todo o povoado). O artigo na íntegra pode ser lido em: http://memorias-old.ioc.fiocruz.br/pdf/Tomo36/tomo36(f3)_311-320.pdf


Referências:
Santos, N. & Filho, L.T. 1941. Aspecto médico e comentários sobre a localidade de Salobra (Estado de Mato Grosoo). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 36(3), 311-320. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Considerações gerais sobre o Sisbiota-Diptera e estruturação da rede


O projeto Diptera dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia: Diversidade, Sistemática e Limites Distribucionais (Sisbiota) está dividido em três componentes: 1) Diversidade e Taxonomia; 2) Sistemática Filogenética e 3) Biogeografia.

Respeitando-se as diferenças quanto ao estado do conhecimento taxonômico dos diferentes famílias de Diptera, podemos reconhecer e categorizar três níveis:

(A) táxons pouco estudados/conhecidos e com potencial de estudo restrito à taxonomia alfa;
(B) táxons com razoável a bom conhecimento taxonômico e com potencial de estudo em análises filogenéticas; e
(C) táxons com bom conhecimento taxonômico e filogenético e com potencial de estudo em análises biogeográficas.

Componente 1. Diversidade e Taxonomia

Sob este componente, o objetivo é realizar um levantamento faunístico dos insetos dípteros dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, especificamente dos biomas Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica. O material coletado sob o âmbito deste projeto será complementar ao material previamente depositado nas coleções entomológicas nacionais e estrangeiras. Sendo assim, os estudos de diversidade e taxonomia vem sendo feitos com base em material já disponível e material novo a ser coletado.

Os trabalhos derivados deste componente são:

(i) Levantamentos da fauna de Diptera para cada um dos biomas (Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica) dentro da abrangência geográfica da área de estudo;
(ii) Análises comparativas de composição e diversidade de Diptera entre as localidades estudadas;
(iii) Revisões taxonômicas de táxons supra-específicos (grupos de espécies, subgêneros, gêneros, tribos, subfamílias, etc.) das famílias de Diptera abordadas neste projeto, incluindo redescrições de táxons pouco conhecidos e descrições de novos táxons;
(iv) Check-lists e catálogos locais;
(v) Chaves de identificação de espécies e gêneros;
(vi) Guias ilustrados de dípteros da área de estudo.

Componente 2. Sistemática Filogenética

Para os táxons de Diptera razoavelmente bem estudados taxonomicamente, é possível empregar métodos de análise cladística. Assim, os estudos morfológicos detalhados a serem realizados no componente 1 são imprescindíveis para a concretização deste segundo componente. Mas, além disso, também os táxons que já tenham sido alvo de revisão taxonômica em estudos anteriores vem sendo estudados aqui sob o ponto de vista filogenético. São alvo das análises cladísticas os táxons supra-específicos que incluam espécies ocorrentes na região de estudo.

Nesse componente, os trabalhos são do tipo:

(i) Morfologia comparada de espécies em busca de caracteres filogenéticos;
(ii) Reconstrução das relações filogenéticas para táxons supra-específicos (e.g., grupos de espécies, subgêneros, gêneros, tribos, subfamílias, etc.);
(iii) Testes de hipóteses de monofilia para táxons supra-específicos.

Componente 3. Biogeografia

Após compilação e síntese do conhecimento distribucional dos grupos de Diptera estudados sob este projeto será possível reconhecer padrões gerais de distribuição e diversidade na região de estudo, bem como empregar métodos analíticos da Biogeografia Histórica para o reconhecimento de padrões de relacionamento entre áreas (cladograma de áreas). São alvo das análises biogeográficas os táxons supra-específicos que incluam espécies ocorrentes na região de estudo.

Aqui, os trabalhos são de:

(i) Compilação de dados distribucionais e mapeamento de áreas de distribuição;
(ii) Reconhecimento de padrões de distribuição e riqueza;
(iii) Reconhecimento e delimitação de áreas de endemismo;
(iv) Reconstrução de relações históricas entre áreas (Biogeografia histórica);
(v) Reconciliação entre a história dos táxons e a história geológica da área; e
(vi) Reconhecimento de prováveis eventos geológicos e climáticos na área relacionados à história dos táxons.

Plano de gestão e integração da rede

Coordenador-geral: Dr. Carlos José Einicker Lamas (MZUSP, São Paulo-SP).
Subcoordenador-geral: Dr. Silvio Shigueo Nihei (IBUSP, São Paulo-SP).

Componente 1 – Diversidade e Taxonomia
Coordenadores-adjuntos: Dr. Gustavo Graciolli (UFMS) e Dra. Márcia Souto Couri (MN/UFRJ)

Componente 2 – Sistemática
Coordenador-adjunto: Dr. Dalton de Souza Amorim (FFCLRP- Ribeirão Preto-SP)

Componente 3 – Biogeografia
Coordenadores-adjuntos: Dr. Claudio José Barros de Carvalho (UFPR) e Dr. Charles Morphy D. Santos (UFABC)

O proponente (Dr. Carlos José Einicker Lamas) é o coordenador-geral de todo o projeto, responsável pela gestão executiva e financeira e também pela integração de ações de cada um dos componentes. O projeto tem um subcoordenador-geral (Dr. Silvio Shigueo Nihei, IBUSP) que auxilia na gestão das atividades operacionais dos componentes 1, 2 e 3 e na integração de ações dos três componentes.

Além destes, o projeto conta com a atuação de coordenadores-adjuntos responsáveis diretamente por cada um dos componentes temáticos da rede. Estes atuam na gestão operacional de seu respectivo componente, interagindo e integrando assim com o grupo de pesquisadores da rede.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sobre a rede temática Sisbiota-Diptera

A ordem Diptera é um dos maiores grupos de seres vivos conhecidos, e considerada uma das ordens megadiversas de Insecta (que ainda incluem Hymenoptera, Lepidoptera e Coleoptera). São atualmente conhecidas cerca de 150 mil espécies de dípteros, porém estima-se que existam mais de um milhão de espécies viventes. Os dípteros estão classificados em 188 famílias e cerca de 10.000 gêneros no mundo. Na região Neotropical, são 116 famílias, representadas por 3.433 gêneros e 24.075 espécies. Podem ser encontrados em todos os ecossistemas exceto o marinho. Possuem uma incrível diversidade ecológica, com as formas adultas e larvais apresentando as mais variadas dietas, com hábitos nectarívoros, polenófagos, hematófagos, coprófagos, saprófagos, parasitóides, ectoparasitas, galhadores, minadores, xilófagos, etc.

Além de constituírem um grupo com história evolutiva riquíssima, os dípteros têm grande importância econômica, principalmente pela transmissão de doenças ao homem e aos animais domésticos (e.g. espécies das famílias Simuliidae, Culicidae, Psychodidae, Calliphoridae, Oestridae e Muscidae) e pelos sérios danos causados às plantas (Cecidomyiidae, Tephritidae e Agromyzidae). Por outro lado, os dípteros, além do óbvio papel desempenhado na manutenção do equilíbrio do ecossistema, oferecem diversos benefícios ao homem em razão de características biológicas peculiares. São comprovadamente um dos principais agentes polinizadores de flores (Syrphidae, Bombyliidae, Muscidae, Tachinidae, etc.); por seus imaturos estarem associados à decomposição de matéria orgânica animal e vegetal são importantes ferramentas de estudo para as ciências forenses (Calliphoridae, Muscidae, Phoridae, Piophilidae, Sarcophagidae, Stratiomyidae); larvas predadoras ou parasitóides são empregadas no controle biológico de pragas agrícolas (Tachinidae, Syrphidae e Bombyliidae); entre outros diversos benefícios.

No entanto, ainda são incipientes no Brasil estudos sobre taxonomia, sistemática e biogeografia desta ordem de insetos. Apesar de investimentos significativos para a compreensão da fauna de Diptera da região Neotropical ao longo do século XX, é bastante provável que somente uma pequena parcela de sua diversidade seja conhecida.

Tal quadro de incipiência no conhecimento de Diptera dos biomas brasileiros é resultado direto da falta de recursos humanos qualificados. Um estudo dos professores Antônio Carlos Marques (do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo) e Carlos Lamas (do Museu de Zoologia da USP) sobre o estado da arte da taxonomia brasileira, publicado em 2006, revelou que, há menos de oito anos, existiam apenas 28 pesquisadores atuantes em taxonomia de Diptera no Brasil. Dentre todos os grupos animais, é o terceiro em quantidade de especialistas ativos no país, embora este número esteja bastante inferior à demanda requerida considerando-se a enorme diversidade do grupo estimada para o país. Ainda não há estimativas para o número de espécies descritas para o Brasil, mas para a região Neotropical foram contabilizadas mais de 24 mil espécies. Frente a esta diversidade, o número de pesquisadores ativos no país para a ordem Diptera é muito reduzido. No Centro-Oeste o quadro é ainda mais pessimista que em relação ao restante do país pois esta é a região com o menor número de autores em taxonomia de Diptera.

Somado a isso, existem ainda extensas áreas sem qualquer inventário faunístico no Brasil, tornando o quadro de conhecimento de nossa fauna ainda mais alarmante e preocupante e, assim, a necessidade de formação de recursos humanos qualificados na área de taxonomia vem tomando dimensões cada vez maiores.

Na última década, as políticas federais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação em ciências básicas concederam um aporte financeiro considerável e bastante estimulante ao desenvolvimento e fortalecimento dos grupos de pesquisa e dos programas de pós-graduação. Mesmo assim, apesar dos seguidos esforços, ainda existem várias lacunas no conhecimento da diversidade de Diptera em vários biomas brasileiros. Podemos afirmar que, comparativamente, o único bioma razoavelmente melhor conhecido para a área de diversidade e sistemática de Diptera é a Mata Atlântica no eixo Rio-São Paulo. Por outro lado, o conhecimento disponível até o momento para o restante da Mata Atlântica e para todos os demais biomas está bastante aquém do desejado e do necessário.

Entre os anos de 1985 e 1999, foram publicados 83 inventários de Diptera no Brasil. Destes, apenas três tiveram como alvo localidades na região Centro-Oeste. Analisando comparativamente com inventários publicados em outras regiões podemos ver o quanto este número é reduzido, a saber: região Sudeste: 34 inventários; região Norte: 21 inventários; região Sul: 10 inventários e região Nordeste: sete inventários. O Centro-Oeste é, portanto, a menos estudada região de nosso país com relação à diversidade de Diptera. Existe uma enorme lacuna no conhecimento de Diptera dos estados do MT, MS e RO. A incipiência do conhecimento de Diptera nesses Estados é tão grande que sequer é possível consolidar os dados totais disponíveis para se prever lacunas dno conhecimento sobre essa região do Brasil. Simplesmente inexiste conhecimento sobre a diversidade, taxonomia e distribuição de moscas e mosquitos em praticamente toda essa região! 

Assim, como meta principal, o projeto "Diptera dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia: diversidade, sistemática e limites distribucionais", inserido no edital SISBIOTA-CNPq, tem como preocupação conhecer a diversidade e distribuição de Diptera dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, abrangendo assim ambientes característicos dos biomas Pantanal, Cerrado e Amazônia. Desde o início das suas atividades, no primeiro semestre de 2011, o projeto enfocou estudos nas áreas de taxonomia, sistemática e biogeografia de Diptera.

O projeto supracitado possui como objetivos:

1) Conhecer a diversidade e distribuição de Diptera dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, visando os biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia incluídos nestes estados.

2) Realizar levantamentos da fauna de Diptera a partir de coletas periódicas em localidades pré-definidas dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, visando os biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia;

3) Revisar táxons supra-específicos de famílias de Diptera, incluindo redescrições de táxons pouco conhecidos e descrições de possíveis novos táxons;

4) Fornecer chaves de identificação para as espécies e gêneros das famílias de Diptera da região de estudo;

5) Elaborar check-lists e catálogos de espécies de Diptera da região de estudo;

6) Elaborar mapas de distribuição de gêneros e espécies;

7) Reconhecer limites distribucionais (padrões de distribuição) de gêneros e espécies na região de estudo;

8) Reconhecer e delimitar áreas de endemismo na região de estudo;

9) Reconstruir padrões de relacionamento entre áreas (biogeografia histórica) e reconhecer prováveis eventos geológicos e climáticos relacionados à história dos táxons.

Muitos dos objetivos listados aqui têm sido alcançados com sucesso. Esse blog será um espaço para apresentação destes resultados, bem como para o fomento de discussões, anúncios de eventos, novas ideias e propostas relacionadas à diversidade, sistemática e biogeografia de Diptera, e suas aplicações nas mais variadas áreas, de epidemiologia ao ensino de ciências e evolução.